domingo, 21 de maio de 2017

CARMILLA, J. Sheridan Le Fanu

Capa da edição digital pela Amazon Kindle

"Demorou muito para que o terror dos eventos recentes se desvanecesse; e até este momento lembro-me da imagem de Carmilla com variações ambíguas - às vezes, a garota brincalhona, lânguida, linda; às vezes, o demônio contorcido que vi na igreja arruinada; e com frequência sou despertada de um devaneio, acredito ter ouvido o passo leve de Carmilla à porta da sala de vestir",

Sobre o livro:
Publicada originalmente por  Joseph Thomas Sheridan Le Fanu (28 de agosto de 1814 - 7 de fevereiro de 1873) entre os anos de 1871-72, em capítulos na revista  Dark Blue, é um conto curto, sendo considerado um dos mais importantes do gênero de Terror na literatura da era vitoriana. Influenciou romances como Drácula, de Bram Stocker (Leia nossa resenha de "Dracula"), por ter sido lançada vinte e cinco anos antes do best-seller .


As edições mais modernas e também as atuais, não possuem ilustração, infelizmente, entretanto, os capítulos publicados na Dark Blue, contaram com a participação de dois ilustradores, infelizmente o trabalho de ilustração mostrava inconsistências em relação a descrição dos personagens, são eles David Henry Friston e Michael Fitzgerald :

Funeral, Ilustração de Michael Fitzgerald 
Marcilla ataca a adormecida, Bertha, D. H. Friston
A história é narrada pela jovem Laura, que vive com o pai e criados em seu castelo na Estíria ( Império Austro-Húngaro), cujo é um tanto isolado das outras propriedades da região. Tudo começa quando esperam um amigo de seu pai, o General Spielsdorf, dizendo fazer uma visita à família e trazer consigo sua sobrinha, Bertha. Logo a moça solitária se vê animada com a promessa da visita, ansiando a companhia da nova amiga, porém não muito tempo depois, uma carta do general chega à seu pai, informando o falecimento da sobrinha, algo relacionado a uma estranha epidemia que assola a região. 
Mas antes que o amigo faça sua visita, um acidente de carruagem acontece em uma noite de lua cheia nas imediações do castelo. O veículo tomba com a mãe e sua filha e alguns empregados. A matriarca dizendo que sua filha encontrasse fraca e não aguentaria viagem, deixa a filha aos cuidados do bom homem, não revelando a identidade de sua família ou o que fazem pela região, deixando que pensem se tratar de pessoas ilustres e importantes.
O tempo passa, Carmilla fica aos cuidados de laura e seu pai, sendo também companhia para a moça., fazendo-se a mais dedicada das amigas enquanto lenta e gradualmente se recupera, e no mesmo ritmo, Laura se enfraquece.
Após algumas semanas o General Spielsdorf encontra-se com o velho amigo no caminho para o castelo, visivelmente triste e revoltado com a morte da sobrinha, dizendo se tratar de artifícios das trevas, e que uma antiga condessa de Karstein já falecida seria a causa de tamanho pecado. O homem prova então que a família Karstein não estaria morta, e teriam então se tornado vampiros, ou Upir,  como dizia a mitologia irlandesa. Tendo convencido seu amigo de que o mesmo demônio estava sob seu teto e se alimentando de sua filha, começa a emboscada à vampira, que é morta com uma estaca de madeira no peito, sua cabeça decapitada e o corpo todo cremado.

Um dos pontos fortes desse livro, pela época em que foi publicado, são as características tradicionais dos vampiros, que vem se dissolvendo com a imagem cinematográfica do cinema (o que não é te todo mal). Suas características são de acordo com as lendas da época, contadas de boca.

O livro caminha em linha tênue entre vampirismo e sexualidade, por vezes somos levados a acreditar que existe ali um interesse sexual de Carmilla para com Laura, e por isso esse romance é interpretado por muitos como lésbico, o que eu acredito que não seja o caso. Carmilla, como vampira, seduz  articuladamente para ganhar a confiança e atenção de Laura, que em dadas situações, sente-se embaraçada com a proximidade e intimidade da vampira. São descritas uma ou outra carícia leve ou palavras acaloradas e ambíguas, mas nada que leve essa amizade das duas para um outro nível, como também não é recíproco, Laura admira a beleza de Carmilla e se contenta de sua companhia, por ser uma donzela solitária  e sem vizinhas ou amigas próximas, e Carmilla como vampira, para ganhar a vítima, tenta impressioná-la com promessas frívolas de que não poderia mais viver longe da nova amiga.


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