Editora ROCCO |
Como descrever esse livro? Lindo. Simplesmente lindo! E eu não falo da capa com seus detalhes e título aquarelados. Me refiro a história de Aysel e Roman. Já aviso: O foco desse livro não é romance!
Aysel não quer mais viver e esse não é um drama adolescente, aliás, está longe de sê-lo. É muito mais profundo e complexo: Aysel sofre de uma depressão profunda, que a faz sentir desejo de suicídio.
Você pode pensar: "Como ela tem depressão? Afinal, ela é jovem, inteligente e com um grande futuro à frente." Mas não importa o quanto você enfarize os pontos positivos na vida de uma pessoa que passa por isso. Depressão não é frescura!
"...Qualquer um que já esteve triste de verdade pode dizer que não há nada de bonito, literário ou misterioso na depressão". ( pág. 22)
Aysel tem dezesseis anos, trabalha em uma empresa de telemarketing, está no último ano e planja seu futuro, quer dizer, o fim de qualquer fururo que possa ter. Ela então decide se cadastrar em um site de suicídio,"Passagens Tranquilas", onde entra em contato com RobôCongelado (usuário de Roman), ele planeja sua morte para 7 de abril, há um motivo para essa data, mas esse spoiler eu não darei. Era o que ela precisava, aceita.
E com Roman não é diferente:
" ...É como se eu estivesse preso em um buraco profundo e não pudesse sair...".(pág. 191)
Por quê Aysel não quer mais viver? Não é simples. Mas tudo começa a desmoronar quando seu pai comente um crime horrendo na loja da família, ele espanca um adolescente até a morte. Pelo que ela se lembra da infância ele eventualmente tinha um rompante de agressividade e dizia coisas sem sentido. Sua família tem origem turca e isso já dificultava muito sua vivência naquela cidade, e após o assassinato...
Por se considerar parecida com o pai
( na sua tristeza e gosto musical, por ainda amá-lo acima do que ele fez) ela sente medo de se tornar como ele, que algo na sua genética a torne um monstro. E ela quer destruir a si mesma antes que possa destruir outras pessoas. Aysel não é como o pai e vai descobrir isso.
Aysel não consegue ser feliz. Perdeu os amigos, e os poucos que lhe restaram ela os afastou. Se sente deslocada em casa e sente que todos, assim como ela, esperam pelo pior: que ela seja como o pai.
" Aposto que, se cortassem minha barriga, a grande lesma preta da depressão sairia rastejando. Orientadores pedagógicos amam dizer: "Pensamento positivo!", mas é impossível quando se tem essa coisa lá dentro, sufocando cada centímetro de felicidade que se pode juntar. Meu corpo é uma máquina eficiente para matar pensamentos felizes". (pág.48)
Os dias passam, eles se aproximam, 7 de abril se aproxima. Aos poucos e lentamente, Aysel começa a enxergar o mundo sob outras perspetivas e revalidar sua decisão, ela começa a lutar. Agora ela tem que tentar salvar Roman, como ele a ajudou a se salvar.
"Arranco o desenho do bloco. Não ligo se ele ficar bravo quando descobrir que peguei. Preciso dele. Preciso dele para me lembrar de que posso ser essa garota, de que essa garota está dentro de mim. Essa pessoa esperançosa, forte". (Pág. 238)
"E, desta vez, sinto minha mão. Sinto tudo. E quero continuar sentindo. Mesmo as coisas dolorosas, horrendas, terríveis. Porque sentir essas coisas é o que nos faz saber que estamos vivos". (Pág. 296)
É um livro incrível. Desde o primeiro capítulo senti uma empatia muito forte com a personagem principal, Aysel, consequentemente por Roman. A história é narrada em primeira pessoa o que torna tudo mais íntimo. Entendi os fundamentos de ambos e de alguma forma senti a tristeza de cada um. A autora soube falar sobre o tema depressão e suicídio sem parecer algo superficial e a empatia que os personagens provocaram ajudaram e muito a compreender o que é se sentir assim. Uma leitura maravilhosa e indispensável!
Obs: No final do livro você encontra, nas notas da autora, uma sugestão de apoio caso precise de ajuda profissional:
Desejo a você que esteja lendo essa resenha, a oportunidade de ter em mãos esse livro, seja emprestado ou seu!
"...Qualquer um que já esteve triste de verdade pode dizer que não há nada de bonito, literário ou misterioso na depressão". ( pág. 22)
Aysel tem dezesseis anos, trabalha em uma empresa de telemarketing, está no último ano e planja seu futuro, quer dizer, o fim de qualquer fururo que possa ter. Ela então decide se cadastrar em um site de suicídio,"Passagens Tranquilas", onde entra em contato com RobôCongelado (usuário de Roman), ele planeja sua morte para 7 de abril, há um motivo para essa data, mas esse spoiler eu não darei. Era o que ela precisava, aceita.
E com Roman não é diferente:
" ...É como se eu estivesse preso em um buraco profundo e não pudesse sair...".(pág. 191)
Por quê Aysel não quer mais viver? Não é simples. Mas tudo começa a desmoronar quando seu pai comente um crime horrendo na loja da família, ele espanca um adolescente até a morte. Pelo que ela se lembra da infância ele eventualmente tinha um rompante de agressividade e dizia coisas sem sentido. Sua família tem origem turca e isso já dificultava muito sua vivência naquela cidade, e após o assassinato...
Por se considerar parecida com o pai
( na sua tristeza e gosto musical, por ainda amá-lo acima do que ele fez) ela sente medo de se tornar como ele, que algo na sua genética a torne um monstro. E ela quer destruir a si mesma antes que possa destruir outras pessoas. Aysel não é como o pai e vai descobrir isso.
Aysel não consegue ser feliz. Perdeu os amigos, e os poucos que lhe restaram ela os afastou. Se sente deslocada em casa e sente que todos, assim como ela, esperam pelo pior: que ela seja como o pai.
" Aposto que, se cortassem minha barriga, a grande lesma preta da depressão sairia rastejando. Orientadores pedagógicos amam dizer: "Pensamento positivo!", mas é impossível quando se tem essa coisa lá dentro, sufocando cada centímetro de felicidade que se pode juntar. Meu corpo é uma máquina eficiente para matar pensamentos felizes". (pág.48)
Os dias passam, eles se aproximam, 7 de abril se aproxima. Aos poucos e lentamente, Aysel começa a enxergar o mundo sob outras perspetivas e revalidar sua decisão, ela começa a lutar. Agora ela tem que tentar salvar Roman, como ele a ajudou a se salvar.
"Arranco o desenho do bloco. Não ligo se ele ficar bravo quando descobrir que peguei. Preciso dele. Preciso dele para me lembrar de que posso ser essa garota, de que essa garota está dentro de mim. Essa pessoa esperançosa, forte". (Pág. 238)
"E, desta vez, sinto minha mão. Sinto tudo. E quero continuar sentindo. Mesmo as coisas dolorosas, horrendas, terríveis. Porque sentir essas coisas é o que nos faz saber que estamos vivos". (Pág. 296)
É um livro incrível. Desde o primeiro capítulo senti uma empatia muito forte com a personagem principal, Aysel, consequentemente por Roman. A história é narrada em primeira pessoa o que torna tudo mais íntimo. Entendi os fundamentos de ambos e de alguma forma senti a tristeza de cada um. A autora soube falar sobre o tema depressão e suicídio sem parecer algo superficial e a empatia que os personagens provocaram ajudaram e muito a compreender o que é se sentir assim. Uma leitura maravilhosa e indispensável!
Obs: No final do livro você encontra, nas notas da autora, uma sugestão de apoio caso precise de ajuda profissional:
Desejo a você que esteja lendo essa resenha, a oportunidade de ter em mãos esse livro, seja emprestado ou seu!
Olá!
ResponderExcluirEu não conhecia este livro e me encantei pela forma que você fala dele. Me encantei e com certeza pretendo lê-lo em breve. Eu amo tudo relacionado a este tema.
Confesso que a capa nem o título me convenceu, mas sua resenha me conquistou.
Eu sei como é difícil passar ou ter alguém na família que sofreu ou sofre dessa doença maldita. É muito triste. É pior ainda é ver pessoas queridas partindo por conta dela.
Parabéns por nós apresentar este livro.
Amei tudo em especial estas frases.
" "...Qualquer um que já esteve triste de verdade pode dizer que não há nada de bonito, literário ou misterioso na depressão". Realmente não há nada de bonito mesmo.
Fico contente que tenha gostado e que a resenha tenha te despertado interesse. Infelizmente é vdd, a depressão atinge quem está a sua volta, e alguns não sabem e não conseguem lidar...se afastam quando a pessoa mais precisa. Mas espero que esse livro abra a mente das pessoas, tanto quem passa por isso quanto quem vivência!
ExcluirQualquer um que já esteve triste de verdade pode dizer que não há nada de bonito, literário ou misterioso na depressão. Realmente, odeio quando romantizam a depressão como se fosse algo lindo de se ver e viver. Adorei o livro, a capa, tudo. Parece ser uma verdadeira aula de auto reconhecimento.
ResponderExcluirOi Jessica!
ExcluirSim, uma aula de auto conhecimento libertadora 💜
Essa foi a melhor resenha que eu já vi na vida!
ResponderExcluirAmei o jeito que você passou, inclusive sua arte 💜 O desenho que tu fez retratando a frase que tu citou ficou perfeito!
Parabéns! ♥️
Obrigada! :)
ExcluirAcho que essa analogia da "lesma preta" é um das que melhor define a depressão.
Oie, tudo bem? Ainda não conhecia o livro, mas pelo título confesso que achei se tratar de romance, o que você já explicou não ser o caso. Esses assuntos são realmente delicados, o autor precisa ter conhecimento e delicadeza com as palavras para escrever de forma que as pessoas compreendam porém sem abrir feridas. Que bom a autora ter conseguido esse feito. Sua resenha ficou ótima. Beijos, Érika ^^
ResponderExcluirOi, td ótimo 😊
ExcluirEu também não conhecia até umas duas semanas atrás, um amigo indicou. Eu sempre tive preconceito c livros desse tema, ou o autor frivolizar demais a depressão com uma obra rasa, ou tornar um "manual" de alguma forma. E embora o romance não seja o foco, o envolvimento dos personagens de certa forma oferece um "suporte" para o que a autora quer passar, mesmo que se algo suave. Não é um grande amor "arrebatador", é mais cumplicidade. :)
O mais importante é que decidem lutar por si mesmos, e não pelo outro.
ExcluirAh, o livro parece fantastico <3
ResponderExcluirEu realmente quero ler. Pela temática, espero que seja tão interessante quanto 13 Porques.
Sim :) Se você gostou de "Os 13 Porquês" há uma grande chance de se surpreender com esse também!
ExcluirQuero esse livro, rs. Um tema ultra-difícil de se reconhecer e falar mas igualmente necessário de ser abordado. Tomara que seja feito um filme dele, algo que não duvido que aconteça visto que a autora é americana: meio caminho andado para isso, rs.
ResponderExcluirMuito bom mesmo, adorei conhecer a história desse book!
Também acho, Rob. Poderia virar filme, seria perfeito! É um assunto delicado mas necessário de se trabalhar...para quem tem preconceito com livros de "auto ajuda" esse livro é perfeito, te faz entender e respeitar!
ExcluirMeu Deus, começando pela capa já amei! E depois a história?? Amei! Me fez lembrar de um dos últimos livros que li, "Eu estive aqui", de Gayle Forman, talvez pela temática.
ResponderExcluirPara meu desespero, não existe a versão, ainda, em português de Portugal e cá o livro só está disponível em inglês. Nem sei que faça, queria mesmo ler!
Oi Bea! Ahhh quero muito ler esse do Gayle Forman, já ouvi falar bem dele. Bom, talvez compartilhando essa resenha e ajudando a tornar esse título mais visível, possa reunir um grupo significativo de pessoas para então pedir a alguma editora do seu país para publicarem uma versão no seu idioma. (Acho que é mais ou menos assim que acontece). Fico feliz que tenha gostado :)
ExcluirAcabei de sair de um episódio profundo de depressão e pra mim foi muito difícil sobreviver a este último, que não me pertence mais. É difícil reconhecer a doença publicamente e a terapia ajuda muito, mas também há muito preconceito e por isso vou ler essa história, porque é difícil achar um livro que não trata a depressão como um rompante mimado ou só insatisfação pessoal. Gostei muito da sua resenha. Obrigada pela dica. Bjim
ResponderExcluirSim Marizoch, infelizmente o tema é tabu e rodeado de preconceitos. Fico feliz por você, eu é que agradeço seu comentário. Bjs!
ExcluirVocê escreve muito bem. Parabéns! Amei os quotes escolhidos. Uma vez eu ouvi uma pessoa dizer algo sobre a depressão muito interessante: "Todas as pessoas que têm alguma doença, lutam para serem curados porque eles querem viver, mas as pessoas que têm depressão, querem a morte." Isso é muito forte e verdadeiro. Mas é importante que se entenda e que se divulgue que a depressão é uma doença que precisa de tratamento. Ninguém se cura de um câncer, por exemplo, só com pensamento positivo ou tentando sair com os amigos, mas sim com medicamentos. Entretanto, é muito comum quando uma pessoa afirma que está com depressão, ouvir que precisa sair mais, e ser positiva. Embora que, por outro lado, tristeza é tristeza e depressão é depressão e é muito comum alguém estar muito triste e alguém já ir dizendo que fulano está depressivo. É necessário informar as pessoas do que é a depressão para que elas possam diferenciar um quadro depressivo de uma tristeza profunda e passageira que pode passar de uma forma mais natural. Enfim! Vou anotar sua dica! Amei o livro e o enredo original que ele trouxe.
ResponderExcluirExato! Muitas vezes há um julgamento errôneo sobre tristeza momentânea e um quadro de depressão, por isso é importante procurar ajuda profissional. Se essa tristeza profunda dura mais de três semanas (ouvi uma psiquiatria ou psicóloga comentar em um programa). Existe muito preconceito em procurar ajuda para cuidar da mente, do emocional, quando devia ser tão natural quanto cuidar do corpo!
ExcluirNo segundo parágrafo já queria comentar aqui e ler, com certeza, o livro. Sofro desse mal e vejo o quanto as pessoas ainda não entendem como tudo funciona na depressão. Na verdade, não se quer morrer, o desejo mesmo é de matar a tristeza que há dentro e insiste em persistir ou retornar. "Pensamento positivo" é o que se escuta a todo tempo e digo que: - Não ajuda. O que ajuda mesmo é VER a empatia nas pessoas. Preciso ler esse livro e, graças a sua resenha, está na minha lista de prioridades.
ResponderExcluirBjs
http://solteiricedemae.blogspot.com.br
Isso! A falta de informação é, infelizmente, refletida em quem acha que é só sair e se divertir, só pensar positivo. E não basta tentar pensar positivo, tem que procurar ajuda e informação o quanto mais cedo para o quadro não evoluir para pensamentos suicidas...O primeiro passo e entender que: Depressão é uma doença, não frescura. Bjs :)
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirAo ler as primeiras linhas, já me bateu uma vontade imensa de ler: primeiro pelo assunto abordado que é bem difícil de ser falado na real, segundo porque já imagino como seria um filme deste livro, adoraria que isso acontecesse.
ResponderExcluirDepressão é uma doença muito serio, tenho pessoas próximas a mim que sofrem deste mal e eu vejo o quanto é difícil lidar com esse assunto.
Amei, beijos
Oi Eduarda,
ResponderExcluirParabéns pela resenha! Lendo seus comentários me lembrei do livro "Por lugares incríveis"!
O tema que os dois livros abordam é bastante tenso, e atual. Acho muito bacana, que possamos conhecer mais a respeito dessa condição e de como pessoas com depressão têm dificuldade em lidar com situações comuns. Esse tipo de livro acaba quebrando vários tabus!
Até mais! :)
Oi,
ResponderExcluirGostei muito da sua sugestão de leitura! Só quem tem/teve depressão ou convive com alguém que tem/teve entende um pouquinho do que esta doença faz física e psicologicamente.
Adicionado à lista de próximas leituras!
;)